Como definir a taxa de desconto de um ativo?

Publicado em 2 de junho de 2018
O retorno esperado de uma ação é algo individual de cada investidor. Porém, é de se esperar que se uma ação possuir um risco maior do que outra, o retorno demandado deverá ser maior. A grande dúvida fica na maneira de mensurar o risco.Vamos imaginar um título de renda fixa de um banco classe A, que paga 100% do CDI. É de se esperar que um banco de classe C, que é considerado mais arriscado, deverá pagar mais do que o outro banco.

A dúvida que fica na questão: qual o risco e qual o retorno deve ser demandado?

Como definir a taxa de desconto de um ativo?

De fato, há muitos estudos nesse sentido. Uma das maneiras para medirmos o retorno esperado, é perguntando para os investidores suas expectativas. Cada investidor possui uma expectativa de retorno para cada ativo.

Imagine que a TIR (taxa interna de retorno) de uma ação seja 8%, então se perguntarmos para diferentes investidores cada uma terá uma opinião se essa taxa é satisfatória ou não. Isso acontece porque cada investidor tem uma percepção diferente do risco daquela ação.

Uma outra maneira, mais controversa, de calcularmos o risco de um ativo é através da volatilidade. A volatilidade nada mais é do que o desvio padrão da variação dos preços de uma ativo. Quanto mais o ativo varia, maior sua volatilidade.

A controvérsia vem do fato que seria o risco algo relacionado com volatilidade? Sendo um analista fundamentalista de longo prazo, o que mais me preocupa é a volatilidade dos resultados de uma empresa, não de suas ações. Abaixo, podemos ver como a volatilidade do preço da ação ABCB4 é muito maior do que os lucros da empresa:

A vantagem de usar modelos matemáticos para capturar o risco é sua simplicidade. Ao adotar que a volatilidade de uma ação equivale ao risco, é possível definir matematicamente um retorno esperado para aquela ação. Ou seja, usando os dados históricos, é possível definir qual a taxa de desconto a ser usada, dado o risco daquele ativo.

Não há uma maneira certa de se estimar a taxa de desconto, todos os métodos possuem vantagens e desvantagens. Uma abordagem mais simplória é pegar o retorno de um índice e ver qual foi o retorno obtido no longo prazo.

Como exemplo, temos o índice Bovespa abaixo:

Em 30 anos, o Ibov entregou um retorno de 8,9% real (acima da inflação), isso apesar das várias crises que o país enfrentou. Esse número dá uma base de qual retorno esperar. Caso uma ação seja considerada mais arriscada que o índice, deve ter uma taxa de desconto acima de 8,9%. Se tiver um risco menor, algo abaixo de 8,9%.

A taxa de retorno é difícil de se definir com precisão, mas é importante sempre ter em mente: dados os retornos de outros ativos do mercado (ações, CDBs, Tesouro Direto), é possível ter um ponto de partido, afinal, se um título do Banco X paga 10% + IPCA, para ter a ação daquele banco o acionista deve exigir um número acima disso.